quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ele tirou o pano da boca e suspirou,
Como se este ato pudesse apagar as manchas vermelhas que lentamente se espalhavam.
Estava sentado olhando a noite,
Não sabia há quanto tempo estava doente, não sabia o dia, a hora,
Sua visão estava nublada demais para ver o calendário na parede,
Tentou levantar mas suas pernas não respondiam,
Sua respiração era pesada, rouca e dolorida.
Estava enjoado como se todos seus órgãos fossem comida podre em seu estomago,
O coração batia rápido e forte como se fosse quebrar ossos e rasgar carne para se livrar,
Seu coração ainda vivia enquanto o corpo se definhava ao redor.
Tão rápido e tão lento,
Os olhos estavam pesados e doloridos,
Dentes se quebravam enquanto a mandíbula os apertava,
As juntas dos dedos rangiam e doíam enquanto as movia com lentidão.
Não ouvia nada além de seu coração cada vez mais forte,
Tudo escureceu,
O coração bateu fraco,
Lento,
Ele levantou,
E foi dormir.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Irreversível

Que não é reversível, que nunca voltará, que nunca será como antes.

O irreversível me dá medo, como conviver com algo que nunca mais será o mesmo, uma ideia de que não importa o que aconteça nada voltará a ser como foi. A vida em grande parte é reversível, namorados voltam, casamentos reatam e amizades reavivam, a palavra dita pode ser desfeita com outras palavras, a pedra lançada pode ser desculpada, haverão outras oportunidades.

Vivemos uma vida de oportunidades podemos errar porque temos como voltar atrás, podemos nos renovar, nos reabilitar, nos fortalecer mas não podemos reverter o irreversível. E por isso mesmo que por um breve momento acordamos sem esperança do telefone tocar ou de ver aquele sorriso. Passamos a vida tentando reverter, e no máximo nos distraímos e esquecemos por breves momentos.


Irreversível é a saudade.